Domingo, 27 de agosto.
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja; e os poderes do reino das trevas jamais poderão contra ela!”
O evangelho deste domingo nos coloca numa cena onde Jesus e seus discípulos estão em uma cidade chamada Cesaréia. Haviam duas cidades com este nome, uma na costa ocidental da Palestina, e a Cesaréia de Filipe bem ao norte da fronteira com terras estrangeiras.
A comunidade de Jesus não tinha acesso às terras estrangeiras, e em Cesaréia de Filipe havia uma grande tradição de culto aos Deuses da mitologia, inclusive uma caverna famosa que era conhecida como a porta de entrada para o reino dos mortos. De fato, uma terra de muita religiosidade, diferente daquela do povo de Jesus.
Nessa cidade, Jesus se reúne com seus discípulos nesse espaço de diversidade e antagonia onde seu povo é, a todo o tempo, convidado a fazer escolhas e a tomar decisões.
Jesus pergunta aos discípulos como andam essas decisões e como as pessoas o veem, e eles lhe respondem que o veem comparado a João Batista e a alguns profetas.
Por vezes, quando olhamos a nossa volta, numa sociedade supostamente cristã, vemos um Jesus tão diferente do que está descrito no evangelho, um Jesus com muitas camadas que não são dele, e que muitas vezes corresponde as nossas próprias expectativas, ou seja, um Deus que deveria nos servir.
Por isso Jesus olha para os apóstolos, e para nós hoje, e pergunta: “Quem Eu sou para vocês?” ou seja, Jesus quer saber qual espaço Ele ocupa em nossas vidas, porque podemos frequentar as missas, ser católicos ou religiosos etc, mas isso pode significar nada.
Mas, ao mesmo tempo, a resposta desta pergunta pode ser muito parecida com aquela dos apóstolos, pode ser que nossas escolhas não correspondam as escolhas do Mestre. E, portanto, somos convidados a imitá-lo e, a partir disso, nossas respostas não serão mais comparadas as dos apóstolos.
Nossa resposta ser parecerá com a de Pedro, que disse: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo!” Significa a escolha pela vida que Jesus nos trará. No evangelho, Jesus os alerta para que não saiam por aí dizendo que Ele é o Messias porque muitos odiarão esta notícia.
Para o povo de Israel, o messias deveria ser forte, violento, militar e armado até os dentes para livrar os judeus da dominação dos romanos. Estavam enganados por confundir Jesus com esse falso herói. Por isso Jesus diz para que aguardem a cruz e a ressurreição para que compreendam que tipo de messias Ele é.
Então Jesus olha para Pedro, como olha para nós, e declara que somos todos pedras. Jesus usa duas palavras: petros que significa tijolo, que serve para construir, e rocha que significa uma grande base, firme e estável que é Jesus, e nós os tijolos.
Mas se não estivermos sendo construídos como Igreja em cima da firme rocha que é Jesus, vamos desabar. Jesus, a rocha, é capaz de nos sustentar nas construções que vamos fazendo. A chave que Jesus entrega a Pedro, não significa somente poder e autoridade, é compromisso e responsabilidade.
Igual a um pai que é responsável por sua família, portanto somos portadores de critérios e discernimentos para nossas escolhas, que têm poder de fechar ou abrir a porta, por isso devemos saber quais são os critérios que Jesus nos apresenta.
Jesus nos apresenta esses critérios com o seu modo de viver e seus ensinamentos, como justiça, paz, fidelidade, partilha, amor, compreensão, obediência, acolhida, perdão e reconciliação. Essas são, o tempo todo, escolhas que somos convidados a fazer.
Muitas vezes, também somos convidados a fazer escolhas em nome de riquezas e status que para a sociedade parece ser muito boa, mas que não necessariamente pode agradar a Deus, por isso devemos ser corajosos para tomar uma escolha radical se for para negociarmos os valores da nossa fé.
Com isso, devemos escolher entre aquilo que é bom e aquilo que é o certo. Aquilo que nos satisfaz a curto prazo e aquilo que devemos fazer a longo prazo, como por exemplo a vontade de Deus. As escolhas dos mártires foram escolhas de longo prazo, porque escolheram dar suas vidas pela vida eterna.
De fato, devemos escolher o certo custe o que custar, desde que não coloquemos a vida dos outros em risco como fazem os fundamentalistas, mas sim a nossa. Que os santos Mártires intercedam por nós para que sejamos corajosos nesses momentos decisivos que enfrentamos em nossas vidas.
E que estejamos prontos a pagar o preço pelas nossas escolhas que fizemos em nome de Jesus, e olhemos para os mártires como inspiração, para aumentar o nosso ânimo e sermos missionários corajosos como pedras iguais às de Pedro sobre a rocha que é Jesus.
Artigo baseado na homilia de Frei Guilherme
Diocese de Campo Limpo
São Paulo-SP
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