A Aliança Com Deus | 1º Domingo da Quaresma – 2024



Domingo, 18 de fevereiro.
aliança

“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”

Na primeira leitura, Noé enfrenta o dilúvio, por 40 dias, juntamente com mais 7 pessoas de sua família e os casais de animais. Após o término desse período, quando a arca repousa no monte, Deus estabelece uma aliança com Noé, simbolizada pelo aparecimento de um arco-íris – o primeiro sinal que Deus concede aos seres humanos.

Os casais usam alianças nos dedos como símbolo do compromisso mútuo e para ser lembrar da presença de Deus em sua união. Ou seja, a conexão entre pai e mãe deve ser abençoada por Deus, que deseja estabelecer uma aliança com os cônjuges também.

A Aliança, deve ser de preferência, lisa, pois não é recomendado pela igreja conter alguma joia além do ouro ou a prata, para ser perfeita no símbolo. Deus fez conosco uma aliança de amor e a primeira aliança foi no batismo, por isso Sua aliança é uma benção.

O tema da Quaresma deste ano é sobre a aliança

A primeira leitura deste domingo fala sobre a aliança de Deus com Noé e, no próximo domingo, falará sobre a aliança de Deus com Abraão. Deus restaura a aliança, que foi quebrada por Adão e Eva, ao longo da história até chegar em Jesus Cristo, que é a nova e eterna aliança.

Jesus é o Sangue da nova e eterna Aliança de amor. Esta aliança significa restaurar a nossa natureza quebrada pelo pecado. O pecado é uma espécie de infidelidade, assim como o pecado da infidelidade conjugal que é um pecado gravíssimo, porque rompe com a aliança que Deus firmou conosco por meio de Jesus.

Jesus firmou sua aliança conosco assumindo nossas culpas, pecados e limitações. É por essa razão que o sacerdote repete as palavras de Jesus na consagração: “Este é o cálice da nova e eterna Aliança!” Devemos ter uma visão de Deus misericordioso e compassível, ao contrário de um Deus castigador.

Essa aliança exige uma contrapartida, por exemplo, se dissermos sim a esta aliança com dúvidas, ela será nula. O mesmo princípio se aplica aos casamentos, explicando por que muitos deles podem ser desfeitos se um dos cônjuges não afirmou claramente seu compromisso.

Deus espera o nosso sim para estabelecer uma aliança

Hoje, muitos jovens que vão para o matrimônio não têm consciência desse sim, no entanto, aconteceu a cerimônia, mas o sacramento não. Por isso a aliança que Deus faz conosco é de um amor incondicional, mas que exige uma contrapartida – ou seja, o sim deve partir dos dois.

No casamento, onde apenas uma das partes ama, não é casamento. E, essa reciprocidade deve acontecer também no altar de Jesus, onde o que Deus nos pede em troca é o nosso sim verdadeiro. Aqui reside o grande mistério do amor de Deus.

O amor de Deus por nós é tão imenso que é impossível corresponder plenamente, porque não somos como Ele. No entanto, Ele espera somente que acolhamos o Seu amor generoso que Ele deseja nos oferecer através de nosso sim.

Acolher o amor de Deus não é uma tarefa simples. O fato de não conseguirmos corresponder ao Seu amor da mesma maneira que Ele nos ama, não implica que devemos viver de acordo com nossos desejos, permitindo-nos, por exemplo, viver na mundanidade.

O povo hebreu, no antigo testamento, por diversas vezes havia se afastado de Deus idolatrando outros deuses; é a mesma coisa que ter um amante, pois implica em estar com os pés em duas barcas. O primeiro mandamento de Deus é: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o seu coração, com todas sua alma, com toda sua inteligência e com todas suas forças!”

Devemos ser fiéis à aliança com Deus

A verdade é que muitas vezes nos deixamos levar por ídolos cotidianos, como vícios, dinheiro, apegos, inveja, amargura, falta de perdão e de reconciliação, entre outros. Ao agir assim, acabamos transmitindo a Deus a mensagem de que o amor que Ele tem para nos oferecer não é tão grande assim.

Para nos ajudar a compreender Seu amor, Jesus nos afirma no evangelho, que ‘se completou o tempo’ e reforça a mensagem: ‘Convertei-vos!’, que, no hebraico, significa voltar-se a Deus.

Ele enfatiza que somente Deus pode nos restaurar. Importante ressaltar que Deus não é contra o usufruto dos bens materiais; a questão está em não nos escravizarmos a eles e em não colocá-los acima de Deus.

Como devemos fortalecer essa aliança:

Acreditai no evangelho e praticai o jejum nas sextas-feiras desta Quaresma. Realizai obras de caridade e adorai o Santíssimo, pois muitas graças foram alcançadas por meio dessas práticas. Esse comprometimento nos fortalece para viver a aliança com Deus, lembrando-nos de que ser fiel é também uma expressão de amor.

Se os conjugues se amam, são capazes de sacrificarem a carne em detrimento do outro. Basta praticar a paciência, a compreensão, a tolerância, relevar determinadas palavras, orar juntos, frequentar as missas, cultivar o diálogo conjugal e buscar serem justos um com outro.

Existem casais que, apesar de terem se casado na igreja, vivem suas vidas de maneira pagãs, resultando em infelicidade. Quando enfrentam crises conjugais, a separação muitas vezes surge como a primeira opção, porque não têm nada a oferecer a Deus.

Assumir um trabalho pastoral é uma bela oferta a Deus e à comunidade, fortalecendo cada vez mais os laços matrimoniais. Quantos casais colaboram juntos em alguma pastoral para a construção do Reino de Deus? Ao enfrentar a realidade, terão o azeite necessário para manter acesas suas lamparinas.

A aliança exige de nós intimidade com Deus

Se eu não cultivar uma intimidade com Deus, comprometendo-me em diferentes áreas como meu casamento, família, trabalho, pastorais, entre outros, como poderei encontrá-Lo? Por isso deixamos de receber tantas graças, porque na primeira situação de dificuldade caímos nas tentações que nos afastam de Deus. Depois temos que correr atrás do prejuízo.

Em síntese, peçamos ao Espírito Santo o discernimento para agirmos de acordo com os ensinamentos e a vontade de Deus. Porque vivemos em um mundo repleto de propostas que incentivam a separação, especialmente aquelas disseminadas pelas mídias.

Que esses 40 dias sejam voltados para o aprofundamento da palavra e o aprofundamento da fé, para quando chegar o momento em que o noivo vier, Ele nos encontre com nossas lamparinas acesas, ou seja, nos encontre vigilantes e preparados.

No Evangelho, Jesus enfrenta três tentações: a tentação do pão (fome), a tentação da história (a ideia de que, sendo Deus, poderia se lançar do precipício e ser salvo pelos anjos para que todos acreditassem Nele) e a tentação do poder, na qual o demônio oferece toda a riqueza e reinados do mundo se Jesus o adorar. Essas são as tentações fundamentais, das quais derivam todas as outras.

Jesus vence as tentações no deserto.

A tentação do poder não está limitada apenas às riquezas materiais, mas se estende ao relacionamento com o próximo. Isso se reflete, por exemplo, em maridos ou esposas que desejam ter razão sobre o outro, muitas vezes influenciados por opiniões externas. Jesus supera essas tentações evitando entrar em diálogo com o demônio; respondendo apenas com a Palavra de Deus.

Jesus enviou Seu Filho ao mundo ao perceber que Seu povo O honrava com os lábios, mas seus corações estavam repletos de crimes. Será que nós também não agimos da mesma maneira quando discutimos com nossos familiares, seja com pais, mães, filhos, esposos, esposas, genros ou noras?

Por mais doloroso que seja, devemos responder a eles com amor, pois devemos resgatá-los da morte para a vida. Esse é o código para nos desarmarmos e restabelecermos a aliança eterna com Deus.

Artigo baseado na homilia de
Pe. Manoel Corrêa Viana Neto.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.

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