Tentação no deserto | 1º Domingo da Quaresma – 2025


Domingo, 09 de março.

tentação no deserto

Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e depois disso, sentiu fome.

O nº40 representa aperfeiçoamento na fé 

A tentação no deserto é um tempo de aperfeiçoamento na fé. Com a fé, temos consciência de que devemos amar a Deus em primeiro lugar mais do que nossos pais, filhos, conjugues, amigos, trabalho, dinheiro, prazeres, bens etc.

Muitas vezes não colocamos Deus em primeiro lugar em nossas vidas, especialmente quando desejamos algo que possa causar sofrimento em outra pessoa. É nesse momento que prevalece o ditado: ‘antes ele do que eu’. Por isso, muitas pessoas acabam sendo injustiçadas.

40 é um número que simboliza por exemplo, os 40 anos que o povo de Deus viveu no deserto, Moisés ficou 40 dias no Monte Sinai para receber diretamente de Deus as Tábuas da Lei, o profeta Elias caminhou por 40 dias buscando orientação e consolo divino. E Jesus passou 40 dias no deserto para ser provado.

O deserto é o lugar onde experimentamos a precariedade por não haver nada além de dunas, tempestade de areia, calor e frio extremo. Mas é no deserto da nossa vida que somos provados, ou seja, quando nos faltam as coisas. Porém, Deus não nos prova na abundância, quando está indo tudo bem, quando temos fama, prestígio etc.

Não só de pão vive o homem

A primeira tentação de Jesus no deserto ocorre quando Ele sente fome, e o diabo sugere que Jesus transforme as pedras em pães. Jesus responde, afirmando que ‘não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’.

O pão simboliza tudo o que nos dá prazer e sacia nossa fome de ser e ter. O pão é o acúmulo, é apoiar nossas vidas nos bens do mundo, nos bens sociais, nos bens de prestígios, afeto, compulsão etc. Não é pecado termos prazeres ou bens, desde que não nos escravizem e dependamos deles para viver. Primeiramente, o que deve saciar nossa fome de ser e ter é a palavra de Deus.

Na segunda tentação, Jesus Cristo é levado ao alto do monte e ali o demônio lhe mostra todos os reinos e lhe propõe entregá-los se Jesus o adorar. Pura mentira porque o demônio não é dono de nada e é mentiroso desde o princípio. Jesus responde: “Adorarás o Senhor Deus e somente a Ele servirás!”

O mal da intolerância

Na atualidade queremos manipular tudo e a todos, onde somente um de nós tem razão, queremos dominar nossas esposas, nossos filhos, nossos colegas de trabalho, funcionários, motoristas no trânsito, prestadores de serviços como garçons etc. É o mal da intolerância, onde todos querem colocar suas opiniões acima dos outros, não havendo diálogo nem negociação.

É sempre uma questão de competição, principalmente no casamento, e o demônio se aproveita disso, nos enganando a todo momento dizendo que temos que ter poder e autoridade sobre o outro a todo custo, nem que com isto tenhamos que afastar as pessoas de nossas vidas.

Têm pessoas que basta dizermos uma palavrinha desagradável que já é motivo dela querer se vingar, ou até mesmo destruir a vida de quem a ofendeu. E o demônio nos convence de que para sermos felizes, todo mundo tem que concordar conosco, apesar de sermos todos semelhantes no amor de Deus.

Não tentarás o Senhor teu Deus

Na terceira tentação, o demônio leva Jesus para cima do pináculo do templo e diz para Jesus que se ele se lançar lá de cima, os anjos o segurarão, e todo mundo passará a acreditar em Jesus. Jesus responde: “Não tentarás o Senhor teu Deus”.

Jesus era um simples carpinteiro e filho de carpinteiro, ambos de uma vila modesta chamada Jerusalém. Só as pessoas simples e puras de coração davam valor a Jesus. Com isso, o demônio quer dizer que Deus fez mal a nossa história e a história de Jesus, muitos de nós devem estar se perguntando, por que temos um casamento fracassado, fracasso nos negócios, doenças etc. e somos tão fiéis a Deus?

Essa é a tentação de não aceitarmos nossa história, ou seja, a vontade de Deus. Muitas vezes pensamos que para sermos felizes devemos ser os melhores em tudo, e para isso pedimos milagres a Deus o tempo todo. A quaresma é um processo de cura de nossos apegos e escravidões, Deus quer fazer um processo de cura onde não precisaremos mais apoiar nossas vidas nos bens deste mundo.

Querer ter uma pessoa para amar e ser amado não é errado, especialmente se ambos forem autênticos cristãos, pois está escrito que nossa missão é deixar pai e mãe, constituir família e ter um emprego que nos ajude a mantê-la. E se você não está feliz no trabalho, capacite-se para conseguir algo em que você possa dar o seu melhor.

O propósito da tentação no deserto

Deus quer nos libertar da tentação do orgulho e da vaidade, devemos ser humildes, pois é dando que se recebe, pedi e vos será dado. Podemos curar nossa história através do perdão do nosso passado, e perdoar as pessoas que passaram na nossa história e fizeram estragos nela.

Somente Deus é o Senhor de nossa história e somente Ele a conduz, por isso que a quaresma é a preparação para a Páscoa e Nela celebraremos a vitória de Jesus Cristo que é também a nossa vitória. Com Cristo somos mais que vencedores!

Pratiquemos a caridade, jejum e oração, e se você não tiver nada material para partilhar, partilhe com serviço. O jejum nos ajuda a termos o autocontrole de nossa vida e a dominar o nosso mau hábito, assim como Jesus fez durante a tentação no deserto.

Artigo baseado na homilia de
Padre Manoel Corrêa Viana Neto
Diocese de Campo Limpo
São Paulo – SP

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