Domingo, 15 de dezembro.
“Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”.
Alegrai-vos no Senhor.
O Natal não deve ser entendido somente como o aniversário de Jesus, porque o que devemos comemorar nesse dia é o mistério da encarnação do verbo. Pois a palavra está circunscrita no rito eucarístico, por isso alegrai-vos por celebrarmos a missa todos os domingos.
O rito é a revelação do mistério, onde Deus se manifesta para falar diretamente conosco. E se estivermos preparados, concordamos com o que Ele fala em nossos corações de acordo com nossa história e experiência de vida. Com isso conseguimos compreender e interpretar a palavra de Deus.
Para ajudar os fiéis a compreenderem a palavra, a igreja católica celebra as leituras, por isso há um ciclo litúrgico que começa no primeiro domingo do advento e é, ao mesmo tempo, o ano novo cristão. E com isso a palavra se revela de forma distinta a cada um de nós.
Advento é um tempo de espera, por isso a cor roxa. Porém, hoje o sacerdote utiliza a cor rosa para recordar a tomada de consciência de uma grande alegria que brota da certeza de que Deus sempre está conosco, e que aquilo que foi prometido será cumprido.
A promessa será cumprida
Os dois últimos domingos do advento se referem diretamente ao presépio, já os dois primeiros domingos nos levam para a segunda e definitiva vinda de Jesus.
Na primeira leitura do antigo testamento, o profeta Sofonias já nos pede para nos alegrarmos e nos rejubilarmos porque Deus fez justiça para seu povo libertando-o da escravidão, e essa promessa também se cumpre em nós por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que destrói nossas correntes e cadeias que nos escravizam.
Por isso podemos trazer essa promessa para a realidade de nossas vidas. Jesus veio nos libertar da escravidão do pecado que nos mata, nos impede de amar e nos limita de relacionarmos com Deus.
Um exemplo disso são mães superprotetoras que preferem prejudicar os pais de seus filhos do que os deixar com eles, com medo de acontecer alguma fatalidade. Lembremos que os filhos não são nossos, são de Deus e que os criamos para o mundo.
Devemos mudar nossos corações
Deus veio destruir aquilo que estava nos destruindo, contudo, tem muita gente pregando um Jesus Cristo que não deu sua vida na cruz, como por exemplo, igrejas que prometem prosperidade nos negócios. O problema do ser humano não está nos negócios e sim no coração, e enquanto o coração do homem não mudar, ou seja, reconhecer que Jesus Cristo é o Senhor de sua vida, dificilmente ele prosperará.
Pode até prosperar, assim como muitos prosperam, mas muitas vezes não foi por meio de Jesus. Também há casos de gente esforçada, estudiosa e honesta que prospera sem ligar para Jesus; o que devemos mostrar a estes é que deveriam ao menos serem gratos a Deus, amando, perdoando e fazendo caridade.
Jesus veio trazer a nós a perspectiva de mudança e dizer que é possível mudarmos, basta querermos e crermos. Ninguém é imutável, com exceção de Deus, portanto o homem é capaz de mudar, por isso é inadequável julgarmos as pessoas dizendo que elas não mudam.
Deus nos tira da morte para nos restaurar, assim como restaurou Jó. E quando isso acontece em nossas vidas podemos bendizer e glorificar a Deus dando o nosso testemunho. E para aqueles que estão passando por momentos de tribulação, sejam pacientes, pois como foi dito, a promessa será cumprida.
O cristão não tem motivos para não se alegrar
A alegria não é apenas um sentimento afetuoso, a alegria cristã, como diz São Paulo na carta aos Gálatas, diz que o fruto do Espírito é a amabilidade, bondade, mansidão, alegria etc. Então a alegria é fruto do Espírito Santo.
Devemos pedir em nossas orações para Deus nos dar um coração cheio de alegria, porque o autêntico cristão não tem motivo para não se alegrar. No dia 24 de dezembro, deste ano, o Papa Francisco abrirá a Porta Santa, da Igreja de São Pedro no Vaticano, para o novo Jubileu que se celebra a cada 25 anos, o último foi no ano 2000; com uma série de bênçãos e graças para todos nós.
O tema do novo Jubileu será: Peregrinos da Esperança. E a esperança não decepciona, portanto esperem, deem tempo ao tempo. Às vezes Deus nos dá algo diferente daquilo que pedimos porque o nosso desejo não nos levaria à santificação. Infelizmente, na sociedade moderna, vivenciamos o tempo das desesperanças.
Graças a Deus o Brasil nunca enfrentou uma guerra com outro país, a não ser a guerra da fome, das desigualdades sociais e corrupções de nossos governantes, que não deixam de ser uma guerra; mas viver em uma encruzilhada como vivem os ucranianos e os israelitas, chega a ser desumano.
A terapia do riso é remédio para a saúde
A alegria cristã é um estado da alma de esperança, de confiança em Deus e conforto. Alegria gera bondade e transformação interior. Na Índia existe a Terapia do Riso, onde um grupo se reúne em um parque e fica rindo que nem “bobo”; foi comprovado que isso curou diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, depressão entre outros problemas de saúde.
Hoje em dia com tantos filmes disponíveis em tantos streamings como Netflix, Amazon Prime, YouTube etc, podemos assistir ao filme de comédia que quisermos.
No evangelho, João Batista está pregando para três grupos sobre a necessidade de se batizar, neste caso o batismo seria o de purificação e não o de Salvação dado por Cristo. O primeiro grupo é o da multidão que pergunta o que devem fazer para serem batizados, e João Batista responde: “vocês que têm duas túnicas doem uma e quem tem muita comida, partilhe”.
A gula está ligada à ira e compulsão e, geralmente, uma pessoa gulosa é irada ou impulsiva. O problema não é mais a fome, mas a necessidade de preencher um vazio.
O Demônio subverte nossa realidade
Outro problema é colocar a vida em um objeto material e, ao mesmo tempo, aceitar a sociedade dizer que você deve fazer isso. É como se compararmos uma Ferrari a um Etios, ambos são capazes de nos levar para o mesmo lugar, e dependendo do lugar, na mesma velocidade por conta dos radares.
Ou acharmos que se nos casarmos só por conta da beleza de uma mulher, isso nos trará felicidade; não é errado, mas de nada adianta se ela mandar em você ou vice-versa.
Aos cobradores de impostos, São João pediu para cobrarem somente o que fosse justo, na época de Jesus um cobrador de impostos podia cobrar, além dos 30% de imposto para o império romano, seu percentual à parte que era de 20%.
O demônio subverte a verdade, reinterpretando nossas histórias com sua mentira, e a gente acaba acreditando nisso, quando ele nos fala através das pessoas: “sua vida é assim porque você fez isso, do contrário nada disso teria acontecido”, pura mentira porque Deus não nos castiga, pois sabe da história de vida de cada um, coisa que o ser humano não compreende.
O diabo diz que se você tiver mais bens e dinheiro, todo mundo vai te amar, inclusive sua mulher. Embora Deus não deseje nos ver acomodados e passando fome, Ele quer nos ver correndo atrás de trabalho e de forma honesta, mas se sua condição só lhe permite viajar para Praia Grande, uma vez ao ano, por exemplo, e sua mulher em vez disso prefere frequentemente viajar para o exterior, mesmo sabendo da condição do marido; o certo é ela aceitar viajar com o marido para Praia Grande.
O pecado da dominação
O terceiro e último grupo é o dos soldados que também perguntaram a João Batista o que deveriam fazer para praticarem o bem, e João Batista responde para não praticarem qualquer tipo de extorsão, como abuso de autoridade e dominação, e sim viver apenas de seus salários.
É comum alguns maridos apontarem para suas esposas que são eles os responsáveis por trazer o sustento ao lar, afirmando que a casa lhes pertence e que são eles que detêm a autoridade sobre a família. Essa atitude pode resultar em uma dinâmica de dominação que, muitas vezes, gera traumas tanto na esposa quanto nos filhos.
É crucial que o marido reconheça esse erro e se comprometa em não o repetir. Pedir perdão à esposa e aos filhos é um passo essencial para a cura desse vínculo familiar. Além disso, é importante que todos se reconciliem e pratiquem o perdão, evitando guardar mágoas no coração, pois a mágoa também pode nos escravizar.
Artigo baseado na homilia de
Padre Manoel Corrêa Viana Neto
Diocese de Campo Limpo
São Paulo – SP
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