6º Domingo do Tempo Comum – 2024



Domingo, 11 de fevereiro.
leproso

“Se queres, tens o poder de curar-me”. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero: fica curado!”.

A lepra, conhecida como hanseníase, é uma doença que ataca o sistema nervoso, fazendo com que o leproso perca sua sensibilidade, podendo se cortar ou se queimar sem que perceba, e as consequências dessas lesões podem levar ao apodrecimento da carne, ou a amputação de algum membro.

Atualmente, a hanseníase possui cura; caso contrário, a gravidade dessa doença é tão extrema que chega a desfigurar o rosto dos leprosos. Na época de Jesus, as leis estabelecidas visavam prevenir a contaminação excluindo o leproso da convivência social.

O leproso deveria cobrir o rosto, andar enfaixado, ter as vestes rasgadas, os cabelos despenteados e gritar: “impuro, impuro!” se alguém se aproximasse dele.

Essa lei foi imposta por Moisés, como vimos na primeira leitura. Enquanto, São Paulo, na segunda leitura, vai dizer o contrário, que é para não escandalizar ninguém por causa de sua condição. Ou seja, devemos ser imitadores de Jesus e acolher os necessitados, a fim de que seja vantajoso para todos e todos sejam salvos.

Quem são os leprosos para Deus?

O fato de a lepra causar insensibilidade funciona como uma metáfora para a sociedade insensível, tanto nos dias atuais quanto na época de Jesus. Os leprosos contemporâneos são representados pelos, gananciosos, mentirosos, covardes, preconceituosos, intolerantes, corruptos, soberbos, traidores e por aqueles que promovem a divisão, a exclusão e a desunião.

Existem pais intolerantes que buscam desunir o casamento de seus filhos por motivos banais, em vez de os apoiarem. Aos olhos de Deus, os intolerantes são considerados desfigurados.

Como São Paulo afirmou: “Irai-vos, mas não pequeis; não retribuindo mal por mal!” Isso implica que, mesmo discordando das ações de um irmão, seja sogro, sogra, cunhado, genro, nora etc., não devemos evitá-los.

Se um deles tentar impedi-lo de participar de alguma atividade festiva, lembre-se de que a celebração no reino de Deus será infinitamente mais gloriosa do que qualquer festividade terrena. Certamente, no dia do juízo final, será Deus quem os impedirá, e eles ficarão com inveja enquanto você desfruta do banquete celestial no reino de Deus.

A lepra como enfermidade espiritual

A enfermidade da alma tem o poder de deixar a pessoa desfigurada e irreconhecível, razão pela qual é necessário orar por essas almas e incluí-las nas intenções das missas.

Todos nós, em algum momento, enfrentamos essas enfermidades espirituais. No entanto, é cabível agir como o leproso do evangelho, que se ajoelhou diante de Jesus, reconhecendo-o como Deus, ao pedir para ser curado.

Esse leproso não clamou a Jesus dizendo “sou impuro!”, mas humildemente ajoelhou-se e suplicou: “Se queres, tens o poder de curar-me.” Em resposta, Jesus afirmou: “Eu quero! Seja curado!”

Essa atitude de Jesus reflete o mesmo espírito presente no evangelho do domingo passado, quando Jesus curou a sogra de Pedro, e ela, por sua vez, se colocou a serviço de Deus.

Na época de Jesus, os judeus ajoelhavam-se exclusivamente para Deus. Portanto, o ato do leproso em se ajoelhar diante de Jesus indicava reconhecê-lo como o Messias.

Os intolerantes são leprosos aos olhos de Deus

Muitas vezes, há lepras em nossas almas que desconhecemos, e os intolerantes, insensíveis às consequências, estão, de certa forma, ignorando a gravidade desse mal aos olhos de Deus.

Às vezes, ações banais cometidas por um cônjuge podem ser motivos de separação, ignorando o fato de que há famílias lidando com situações extremas, como por exemplo, o leito de morte.

Parece que tudo se tornou motivo para guerras, seja no trânsito, no trabalho, na família etc. A importância de relevar essas situações é evidente e necessária, confiando que Deus cuidará de fazer Sua justiça.

As pessoas perderam a capacidade de dialogar e de chegar a um consenso. Com frequência, demonstramos insensibilidade e irracionalidade que superam até mesmo a dos animais quando levamos as situações para o lado pessoal, agindo impulsivamente.

A impulsividade reflete uma atitude instintiva, de descarte, e metaforicamente, assemelha-se à lepra. Com frequência, evitamos conviver com aqueles que consideramos “leprosos”, descartando-os, sem perceber que, na realidade, somos nós os portadores dessa condição, tornando-nos assim hipócritas.

É comum ver pessoas convidando, com exclusividade, os burgueses para suas festas, enquanto seus próprios parentes, que deveriam ser prioridade, são evitados por serem menos favorecidos economicamente.

A sociedade da aparência e marcada pela exclusão

A sociedade em que vivemos é a sociedade da aparência e marcada pela exclusão, que, apesar dos sinais evidentes de Deus às famílias para se converterem, continuam insensíveis; destacando que a sociedade atual vem agindo de forma semelhante há mais de 2000 anos.

Na época de Jesus, aqueles que tocavam em um leproso se tornavam impuros, em contrapartida, Jesus, naquela época, rompe as estruturas mentais religiosas e legais ao reconhecer a dignidade daquele homem, revolucionando as normas estabelecidas.

Se Deus colocou na sua vida uma pessoa que manifesta os dois lados, o bom e o ruim, isso significa que há esperança; então tolere-a em Cristo. No entanto, a situação complica-se quando a pessoa só manifesta o lado ruim, pois é o tipo de pessoa que pode não fazer parte do reino de Deus. Assim, a sugestão é: “sacudi a poeira dos vossos pés”.

Em suma, devemos ser exemplos por meio de nosso comportamento, sem evitar aqueles que têm opiniões contrárias. Certamente, eles perceberão a diferença em nossa postura. Alguns serão atraídos positivamente, enquanto outros podem sentir inveja e se afastar.

Não devemos nos intimidar com isso, porque é normal, ao passo que, não devemos impor às pessoas como devem se comportar (com exceção de nossos filhos, enquanto menores); respeitando a individualidade e liberdade de cada um.

Todos nós carregamos uma forma de lepra em nossas almas; portanto, convém nos ajoelharmos diante de Jesus e pedirmos pela cura de aspectos como a vaidade, o orgulho, a falta de perdão, a ausência de reconciliação, a ira, a cobiça, a luxúria, entre outros. Ao pedirmos com fé e confiantes, Jesus responderá afirmativamente: “Eu quero!”

Artigo baseado na homilia de
Pe. Manoel Corrêa Viana Neto.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.

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