14º Domingo do Tempo Comum – 2023


Domingo, 09 de julho.

“Vinde a mim todos vós que estais cansados porque meu fardo é leve e meu jugo é suave.”

A primeira leitura, deste domingo, do profeta Zacarias revela a promessa de Deus ao povo de Israel que o Messias seria humilde e chegaria sentado em um jumento a fim de realizar sua grande missão.

O povo hebreu imaginava que o Messias viria para destruir seus inimigos, especialmente os romanos que estavam dominando o povo de Israel. No entanto, a lógica de Deus não era a lógica do povo.

Até entres os apóstolos existia esta visão de que o Messias deveria destruir seus inimigos, como no exemplo clássico de Simão onde este, ao saber que Jesus seria entregue na cruz, o reprime dizendo: “Longe disso acontecer Senhor!” Logo Jesus o chama de adversário.

Em outra passagem, Jesus pergunta aos discípulos: “Quem sou eu para vós?” E Simão responde: “Tu és o Messias filho do Deus vivo!” Jesus se alegra com ele e o diz: “Agora tu és Pedra e sobre esta pedra edificarei minha igreja!”

Não foi a carne quem revelou isso a Pedro, mas o próprio Espírito. Muitas vezes nós cristãos queremos colocar o nosso projeto de Deus acima do projeto do Pai. Quantos católicos que, se dizem católicos, participam das missas mas buscam no espiritismo, em sociedades secretas, ou no esoterismo etc. respostas para a suas vidas.

E quando vão à missa comungam sem algum peso na consciência, ou seja, têm o seu ponto de vista de igreja. Por isso a primeira leitura nos faz entender que esse Messias não vem para cumprir o nosso projeto de Deus mas sim o projeto do Pai, que é se encarnar como ser-humano.

Jesus Cristo veio assumir nossos pecados na cruz por isso não se agarrou a condição divina, mas se esvaziou disto para assumir nossa condição humana, menos no pecado. Nosso orgulho, nosso egoísmo, nosso individualismo e nossas infidelidades ficaram estampadas em sua cruz.

O profeta Isaías, no capítulo 49, diz: “diante o servo de Javé se viram o rosto”. Porque sua condição na cruz foi tão repugnante e tão chagada que não tiveram coragem de olhar para Ele, porque Ele assumiu a feiura de nossos pecados.

Com isso Jesus restaura nossa alma, tomando para si nossas culpas. Jesus Cristo curou os leprosos, expulsou demônios, ressuscitou os mortos, converteu os pecadores, deu de comer aos famintos e muita gente se alegrou com isso, mas com o tempo tudo voltou ao normal.

Ou seja, este povo que presenciou a vida pública de Cristo estava atrás de milagres e não do Messias, temos exemplos atuais disso, de pessoas que só vão à igreja em busca de milagres, porque o padre x ou o pastor y opera algum tipo de milagre.

Há 30 anos atrás era moda dizerem ter visto, em algumas cidades do interior de São Paulo, aparições de Nossa Senhora, mas nunca houve comprovação disso e mesmo assim as pessoas iam atrás dessas revelações. No entanto, temos as grandes aparições comprovadas pela Igreja nos santuários em Lourder, Fátima, La Salette, Aparecida etc.

Nesses santuários sim, é recomendável ir. Assim como no tempo de Jesus, muitos iam atrás de milagres mas poucos se convertiam, e Jesus se entristece com isso porque a boa notícia foi proclamada para que o projeto de Deus fosse realizado.

No evangelho deste domingo, os pequeninos são aqueles que fazem a vontade do Pai, ou seja, os obedientes. Para ser cristão não tem que se alienar, mas os sábios e entendidos são aqueles que são autossuficientes e que não necessitam de Deus.

Já os pequeninos são os que precisam de Deus, se com Ele já é difícil, imagine sem. No Salmo 62 diz: “Minha alma tem sede de ti ó Senhor como a terra sedenta e sem água”. São Agostinho reforça: “Minha alma está inquieta enquanto não repousar em ti”.

Onde colocamos nossas vidas? Onde repousamos nossas almas? Por isso, Jesus diz no evangelho: “Vinde a mim todos vós que estais cansados!” Você já reparou que você se cansa muito para conquistar o afeto de alguém? E você fica desiludido porque todo aquele esforço foi em vão.

Talvez você esteja colocando a tua vida no lugar errado, talvez você esteja se apoiando em coisas que não te dão vida; podem te dar dinheiro, podem te dar saúde, podem te dar uma certa alegria, mas tudo isso é passageiro.

Hoje Jesus Cristo quer te mostrar que você pode ter tudo isso, mas na liberdade. Por isso é preciso se despojar, ou seja, entregar tudo aos pés de Jesus para que seja feita a vontade dele e não a sua.

“Não Preocupeis vossos corações”, significa que agora é a vez de Jesus agir, você já fez tudo o que deveria e também o que não devia ter feito. Agora Jesus Cristo te convida a descansar e a repousar nele.

“Se o Senhor não vigiar nossa cidade, em vão vigiarão as sentinelas”, ou seja, é inútil levantar de madrugada e retardar vosso repouso quando Deus dá a seus amados que dormem. Não queremos desmerecer quem madruga para trabalhar, mas se não formos pequeninos, tudo isso será em vão.

Então é possível Deus dar mais a quem dormiu até mais tarde, que trabalhou o suficiente e ainda foi obediente a Deus. Talvez esta pessoa esteja repousando mais no Senhor do que você, e talvez você esteja colocando todo o seu sucesso e bem-estar acima de Deus.

Por isso Jesus Cristo fala: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve!” Jugo e fardo significam as atividades que as escolas rabínicas, do tempo de Jesus, destinavam a seus alunos, ou seja, as normas e regras.

Jesus era rabino, então quando dizia: “vinde a mim!”, ele queria dizer, vinde a minha escola onde a vida pode ser vivida na alegria e sem este peso e este fardo que o escraviza. Por isso a única lei de Jesus Cristo é amar uns aos outros como Ele nos amou.

Que sejamos mansos e humildes de coração, pois para amar é preciso aprender a amar como Jesus amou, porque não há maior amor do que dar a vida pelo irmão. Nosso Messias não é o Messias que concebemos porque Ele é maior que nossa concepção.

Amar Jesus Cristo é também reconhecer as maravilhas que ele faz em nossas vidas, pois Ele nos convida a fazer aquilo que Ele fez: a lavar os pés dos discípulos como prova de servidão e humildade; servir e não ser servido e a amar do que ser amado.

Valorizem seus pais enquanto estão vivos para que vocês não se arrependam depois quando eles partirem. A missa se chama Eucaristia, que quer dizer agradecimento por tudo Aquilo que Deus fez em nossas vidas.

Artigo baseado na homilia de:
Padre Manoel Corrêa Viana Neto
Diocese de Campo Limpo
São Paulo – SP

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