Domingo, 17 de dezembro.
João Batista declarou: “Eu sou a voz que clama no deserto: Aplainai o caminho do Senhor — conforme disse o profeta Isaías.”
Nós, católicos, diferentemente dos protestantes, temos uma abordagem única para celebrar a palavra de Deus. Não nos limitamos apenas ao uso da Bíblia, pois acreditamos em um tripé para compreender a vida cristã.
Um é a Sagrada Escritura; o outro, os santos dos primeiros séculos, como Santo Agostinho, Santo Irineu e São João Crisóstomo, entre tantos outros, que transmitiram as escrituras do Novo Testamento para que chegassem até nós.
Devido à proximidade com os discípulos dos apóstolos de Cristo, eles compartilhavam uma forma de pensar semelhante, interpretando a palavra de Cristo de maneira mais adequada até o século XII.
Por último, temos o magistério, composto por concílios e documentos dos Papas. Todo esse conjunto forma um tripé que sustenta a vida cristã católica. Ao contrário dos protestantes, que se baseiam apenas na Bíblia, os católicos aceitam os ensinamentos dos padres da igreja e o magistério. Para uma interpretação eficaz da Bíblia, é essencial seguir os critérios fundamentados nesse tripé.
Por isso, é crucial ter conhecimento histórico para compreender a mentalidade e os costumes do povo da época de Jesus. A igreja surgiu antes do Novo Testamento, impulsionada pela necessidade dos primeiros cristãos de estabelecerem uma comunidade, isto é, a igreja, para celebrar a Eucaristia.
Posteriormente, perceberam a necessidade de registrar por escrito os ensinamentos de Jesus Cristo, uma vez que a tradição daquela época era predominantemente oral, e nem todos eram alfabetizados. Assim, surgiram os evangelhos, a partir das cartas de Paulo, Pedro e outros apóstolos.
É por isso que a Igreja Católica adota uma abordagem única na compreensão da mensagem cristã. Ela não apenas celebra, mas vive essa mensagem, incorporando um ambiente litúrgico nas missas como meio de celebrar a palavra de Deus.
Os Fariseus Confundem João Batista com Elias
No evangelho deste domingo, os fariseus abordam São João Batista questionando se ele é Elias ou outro profeta, pois a tradição sugeria que Elias retornaria para anunciar o Messias. João Batista responde: ‘Eu sou a voz que clama no deserto e não sou digno de desamarrar as correias das sandálias daquele que vem depois de mim.’
A voz é o reflexo do que pensamos, sendo, portanto, a expressão de nossas palavras. Dessa forma, é fundamental pensar antes de falar e, sempre que possível, falar, de preferência, o necessário.
Santo Agostinho afirmava que João é a voz, enquanto Cristo é a palavra. Essa distinção ressalta a diferença significativa entre voz e palavra, indicando que a palavra é de maior importância. Independentemente da intensidade ou do modo como falamos.
A saber, é fundamental refletir sobre o que será dito, visto que o restante atua como suporte para proclamarmos a palavra de maneira mais eficaz. A palavra possui poder, e aquilo que dizemos pode se concretizar. Por isso, é crucial proclamar apenas coisas positivas, rejeitando a ideia de responder ao mal com outro mal.
Quando desejamos o mal a alguém e expressamos isso, inicialmente, esse mal recai sobre nós. Em vez de rotular aqueles que nos magoam, é mais construtivo rezar por eles. Além disso, buscar a confissão e abençoar alguém é uma forma de purificar-se desse mal; pois ao abençoar, somos também abençoados.
Fale sobre coisas boas para atrair positividade, ou escolha o silêncio se o que for dizer não for necessário. Por exemplo, há muitas pessoas que constantemente reclamam da situação do país, mas, é válido questioná-las sobre o que estão fazendo para contribuição de melhorias.
Devemos bendizer ao Senhor por tudo que Ele realiza em nossas vidas e evitar esperar ou exigir coisas dos outros. O simples fato de estarmos junto deles já é o suficiente para estarmos sob à proteção Divina.
Se a esposa não retribui a atenção do marido (ou vice-versa), é ela quem prestará contas a Deus. Portanto, cumpra sua parte, apesar disso, para não ser julgado da mesma maneira. Ao louvar a Deus, atraímos coisas boas, pois nosso Pai celestial conhece nossas necessidades; por isso, não devemos nos preocupar com o que pedir.
Devemos, antes de tudo, ser tementes a Deus para alcançarmos nossos sonhos, pois tudo o que possuímos é resultado de colocarmos, o tempo todo, Deus em primeiro lugar. A palavra de Deus é o tesouro mais valioso que um pai pode dar a seu filho.
O Espírito Santo Unge João Batista
São João Batista, ao proferir ‘aplainai os caminhos do Senhor’, está consciente de que apenas o poder do alto e a unção do Espírito Santo podem dar força a essas palavras. Pedir a Deus que nos unja, assim como afirmou Cristo: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, e o Senhor me ungiu!’ é essencial para anunciarmos uma boa notícia.
Apenas o Espírito Santo é capaz de conferir poder às nossas palavras. Aqueles que creem na força do poder de Deus, veem a palavra se cumprir em suas vidas. Cristo é a cabeça da igreja, portanto, o que ocorre na igreja reflete no corpo, e esse corpo somos nós.
O Espírito Santo vem sobre nós, capacitando-nos para a construção do Reino de Deus. Devemos utilizar esse poder para garantir a proteção de nossa família, casamento, trabalho e demais responsabilidades, proporcionando-nos a força, o ânimo e a alegria necessários para sermos testemunhas vivas.
As palavras convertem e o testemunho arrasta; assim, o poder vem do Espírito Santo e dos exemplos que damos de nossas vidas.
Artigo baseado na homilia de
Pe. Manoel Corrêa Viana Neto.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.
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