Domingo, 09 de abril.
A ressurreição de Cristo é o centro de nossa fé.
O Papa Bento VXI dizia que o cristianismo é um encontro com uma pessoa, e essa pessoa é Jesus Cristo. O cristianismo não é uma religião baseada em um livro sagrado como o islamismo e o judaísmo que são consideradas religião no sentido sociológico.
A quaresma serviu para entendermos os conceitos que nós tínhamos de Jesus, desse Deus que se encarnou no seio da Virgem Maria, se fez homem e se ofereceu na cruz por todos nós.
Para entendermos o sacrifício de Jesus Cristo é preciso entender um pouco da cultura judaica, porque Deus atua na história do ser-humano de forma concreta, por isso Ele escolhe a cultura do povo hebreu para que Jesus pudesse se encarnar e ser sacrificar como judeu, a fim de salvar toda a humanidade.
E pelo fato dos judeus se reconciliarem com Deus oferecendo animais em sacrifício, Jesus se oferece na cruz também como sacrifício para que todas as culturas pudessem se reconciliar com Deus. Pois se não fosse Jesus Cristo ressuscitado, nós não viveríamos o amor em família.
Na primeira leitura de hoje, Pedro quando diz: “Esse homem que vimos fazer milagres, curando e perdoando a todos, que se entregou na cruz e no terceiro dia ressuscitou, é quem nós o anunciamos e damos testemunho!”
Significa que quando fazemos uma experiência da ressurreição de Jesus Cristo, experimentamos uma alegria tão grande que não conseguimos contê-la em nossos corações, por isso a necessidade de falarmos para alguém, e por essa razão, não devemos ter vergonha de testemunhar Jesus Cristo às pessoas.
E quando as pessoas nos rejeitam por proclamarmos a palavra de Deus, não percebem que o reino de Deus estava próximo delas, ou seja, Jesus Cristo passou por elas através de nós, e elas não o aceitaram; no entanto, proclamar a palavra de Deus pode ser também através do testemunho de nossas vidas.
Não é vergonha que as pessoas saibam de sua história antes de você se converter, caso contrário, significa que você ainda não ressuscitou com Cristo e não se perdoou, por isso que a Páscoa é o momento de grande alegria para nós. Até no nosso leito de morte devemos estar alegres porque sabemos que, depois disso, iremos nos encontrar com Deus, pois isso se chama fé.
Muitas vezes ficamos discutindo sobre os pecados que cometemos enquanto esquecemos que Jesus nos perdoou na cruz e nos pediu para sermos luzes no mundo. No sábado de Aleluia, o Círio Pascal entrou simbolizando a vitória da luz sobre às trevas e ficará aceso durante 50 dias nos recordando que Cristo venceu a morte deixando o sepulcro.
Do mesmo modo que uma vela quebrada ilumina, nós também, apesar de nossos pecados, somos capazes de iluminar porque essa luz vem de Deus. Por isso não devemos nos preocupar com nossas limitações, devemos nos preocupar com a missão que Deus nos confiou, de praticarmos seus ensinamentos.
Temos o exemplo de Madre Tereza de Calcutá que, mesmo com idade avançada, foi luz para muitos irmãos. E essa força lhe vinha por ter vivido a experiência do ressuscitado que morreu por todos nós na cruz para que pudéssemos ter vida em plenitude.
Madre Tereza não guardou essa graça somente para ela, ela a compartilhou e acabou fazendo diferença no mundo, e o desejo de Deus é que façamos diferença no mundo também.
Muitos santos também fizeram diferença porque entenderam a lição, a de serem cristãos ressuscitados no mundo compartilhando a graça de Deus, sem se preocupar com a morte porque venceram o pecado com Jesus Cristo.
Assim disse São Paulo na segunda leitura: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos em buscar as coisas do alto”. Como por exemplo: não se aproveitar da fraqueza das pessoas, não buscar o bem-estar às custas do outro, se desapegar daquilo que o faz pecar, etc. para que você se aproxime mais de Deus e possa dizer que conquistou a graça merecidamente.
Na vida nada é fácil, tudo é conquistado através de sacrifícios. Enquanto o mundo nos ensina a conquistar as coisas do modo mais fácil, o exemplo de Jesus Cristo na cruz nos mostra o contrário.
E não devemos nos lamentar pelos nossos erros do passado, devemos pedir a Deus que nos dê forças para que aprendamos com eles e aceitemos as consequências que o pecado gerou em nossas vidas, porque Deus quer nos usar como instrumentos para testemunharmos suas graças.
Que sejamos como esse Círio que vai se consumindo com a função de iluminar. E que nós também possamos nos consumir, de forma positiva, entregando nossas vidas servindo, amando e perdoando nossos irmãos.
Artigo baseado na homilia de:
Padre Manoel Corrêa Viana Neto.
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP